A indústria da moda não tem uma fama muito favorável quando o assunto é sustentabilidade. Não por coincidência, é uma das atividades mais poluentes do mundo!
Para se adaptar à nova realidade de mercado, da indústria 4.0 e das exigências dos consumidores, as empresas precisam mudar a forma como produzem, pensam e comercializam.
Nesse sentido, abordaremos a relação entre a indústria da moda e o meio ambiente. Ainda, apresentaremos marcas que têm dado um bom exemplo sustentável por meio de novos processos e tecnologias. Continue a leitura para conferir!
Vamos lá?
Indústria da moda e meio ambiente: um histórico degradante
A indústria da moda é responsável, em média, por 10% de toda a emissão global de gases causadores do efeito estufa, principalmente o carbono. Conforme o Exame, se não houver mudanças, o setor será responsável por usar até ¼ do orçamento mundial de carbono até 2050!
Só para se ter uma ideia, as empresas do setor emitiram cerca de 2,1 bilhões de toneladas desses gases no mundo em 2018. Os dados foram divulgados pela CNN.
Além deles, as operações têxteis também geram diferentes impactos negativos ao meio ambiente. Afinal, lamentavelmente, contribuem para a poluição do solo e escassez da água.
>> Leia também: Fast Fashion: quais os impactos na produção têxtil?
O grande desafio da indústria da moda: reduzir o desperdício
A indústria ocasiona o descarte de toneladas de roupas sem utilidade para a produção (manchadas, com pequenos furos ou danos mínimos) e população. Elas são depositadas em lixões, sem cuidados adequados.
De acordo com o Exame, somente 20% dos resíduos têxteis são reutilizados ou reciclados globalmente, enquanto 80% são aterrados ou incinerados. Nesse cenário, os componentes químicos e tintas presentes nas peças contaminam o meio ambiente.
Segundo dados da Abrelpe, ainda conforme a CNN, o Brasil gera mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano. E esse número corresponde a 5% de todos os resíduos produzidos no país!
De acordo com especialistas mencionados na matéria, os tecidos podem levar de 5 a 10 anos para se decompor na natureza. E, alguns deles, infelizmente, demoram centenas de anos para se degradar. O que aumenta o período de contaminação.
Para completar, a partir de dados reunidos pela Agência Brasil, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados em anos recentes.
E a perspectiva é de que ocorra um aumento de 60% ou mais de 140 milhões de toneladas nos próximos 8 anos (desde 2022).
Em conclusão, hoje, a indústria da moda é a 2ª maior poluidora do mundo! Ela está atrás, apenas, da indústria petrolífera.
Indústria 4.0 e sustentabilidade: qual é a relação?
Com o início da utilização de eletricidade na indústria da moda, a produtividade começou a ser potencializada em níveis espantosamente crescentes.
Principalmente em razão da chegada dos modelos produtivos do Toyotismo e Fordismo, durante a Terceira Revolução Industrial.
O problema é que o consumo desenfreado de energia também causa impactos no meio ambiente. Afinal, esse não é um recurso renovável e a produção do mesmo gera maiores emissões de gás carbono e poluição do solo e água.
A indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, prevê o uso consciente desses insumos, por meio de tecnologias, para a produção dos mais variados segmentos. Os impactos desse conceito são percebidos principalmente em:
- Redução de custos;
- Melhor gestão de estoque e tempo gasto;
- Aumento na produtividade.
A ideia da Indústria 4.0 não é somente incentivar a adaptação, quanto às tarefas humanas, à automação.
Mas, também, é reforçar e praticar a essência da sustentabilidade e o reaproveitamento de insumos por meio de maquinários modernos, eficientes e tecnológicos.
Esses aspectos se fazem necessários para o desenvolvimento contínuo do setor e adequação da nova realidade do mercado e do ambiente.
O Brasil ainda enfrenta apreensão e bloqueios ao aplicar a indústria 4.0. Contudo, esse é um mercado que vem crescendo gradativamente. Logo, investir nele é essencial para sair na frente da concorrência.
Segundo o Mordor Intelligence, estima-se que o tamanho do mercado da Indústria 4.0 alcance US$241,58 bilhões até 2028.
A indústria da moda que não apostar na tecnologia terá uma produção mais:
- Defasada;
- Lenta;
- Cara;
- Suscetível ao erro;
- Com baixa performance;
- Alto índice de refugo;
O desafio aqui é deixar de lado o receio em investir em inovação! O uso de máquinas tecnológicas e inteligentes é o caminho para a redução dos impactos ambientais e para uma indústria têxtil mais evoluída e progressista.
As exigências do novo consumidor da indústria da moda
9 em cada 10 consumidores realizam pesquisas online antes de comprar algo, segundo o Google, citado pela Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Isso demonstra uma maior preocupação com o que adquirem.
Atualmente, eles são mais informados e atentos às principais mudanças da sociedade.
Por isso, exigem que as empresas compartilhem de seus valores e ideias, cobrando ações transparentes que demonstrem esses posicionamentos, principalmente na indústria da moda.
Não por acaso, o receio dos brasileiros com o planeta tem afetado o consumo e, portanto, 73% estão mudando para opções sustentáveis, conforme outro artigo do Exame.
Além disso:
- 46% estão dispostos a pagar mais por produtos desenvolvidos de maneira sustentável;
- 66% realizam decisões de compra com base no impacto ambiental de um produto ou serviço.
É um fato perceptível a mudança de pensamento dos consumidores! Eles estão adotando hábitos mais conscientes e sustentáveis nas roupas e acessórios que compram, utilizam e descartam (de maneira adequada).
Ao contrário de décadas passadas, o consumidor quer saber a procedência das matérias-primas, e se há respeito ao meio ambiente, aos trabalhadores e aos animais.
Nesse sentido, hoje, a busca é por produtos:
- Com cores mais básicas;
- Reciclados;
- Reflorestados;
- Que passaram pelo upcycling;
- Veganos e ecofriendly.
Sem contar que, conforme a Associação Comercial de Campinas (ACIC), eles também procuram estabelecer negócios com empresas que:
- Usam energias renováveis (70% consumidores);
- Reduzem as emissões de gases do efeito estufa (28%);
- Diminuem a poluição da água e do solo (28%);
- Utilizam embalagem sustentável (24%).
Portanto, é de extrema importância ressaltar que ter uma produção mais sustentável e eficiente é uma questão de sobrevivência. Ou seja, é um requisito mínimo para se manter no mercado.
Essas demandas, dos novos clientes, devem ser o ponto de partida para as adequações das indústrias.
5 empresas da indústria da moda que estão dando um bom exemplo
Em uma realidade de degradação, algumas marcas nacionais estão sendo bem avaliadas pelos consumidores. Isso porque elas estão dando um bom exemplo de sustentabilidade e produção consciente na indústria da moda.
Confira a seguir a lista completa e se inspire!
1. Pantys
Essa é uma marca nacional que, além de atuar no fortalecimento feminino, não segue padrões. A linha de destaque da empresa é de calcinhas reutilizáveis que substituem os absorventes descartáveis.
2. Reserva/ Eva
Vencedora do prêmio Ecoera, em 2015, o selo Eva, da marca Reserva, desenvolveu um tecido que se decompõe em apenas três anos.
A empresa ainda oferece aulas gratuitas de modelagem e costura para a comunidade do Morro da Mangueira, no Rio de Janeiro, com roupas que seriam incineradas.
A Reserva é uma das marcas mais inovadoras do mercado, segundo a Forbes, sendo certificada como o selo de Capitalismo Consciente.
3. Flavia Aranha
Marca paulista que somente atua com técnicas sustentáveis para tingir os tecidos. A empresa utiliza corantes naturais de fontes renováveis (folhas, raízes, árvores, frutos e cascas).
Além disso, boa parte de todos os materiais utilizados nas produções são de origem orgânica.
4. Farm
Farm é uma empresa carioca que tem ganhado destaque no mundo! A conexão com a natureza e com a cultura brasileira sempre fez parte da identidade da marca.
Hoje, em busca constante pela inovação, a Farm tem aplicado ações de ESG. Por isso:
- Faz o reuso de tecido na produção;
- Planta mil árvores por dia;
- Co-cria com uma comunidade indígena;
- Apoia a projetos periféricos.
5. Dobra
A Dobra é uma empresa que utiliza o Tyvek no desenvolvimento de seus produtos, como bolsas, carteiras e até itens de decoração. Esse não-tecido é formado por cerca de 30% de material reciclado e ainda é 100% reciclável.
Para acrescentar, a marca tem um programa que recebe seus produtos de volta visando o reuso e a reciclagem. Mais de 7.900 carteiras, porta cartão e porta passaporte já retornaram com este objetivo.
Leia também: Como ter uma marca sustentável na indústria têxtil?
Elimine de uma vez o desperdício!
Como vimos anteriormente, são alguns os principais desafios em reduzir o impacto ambiental da indústria da moda. Para tanto, é fundamental o investimento em soluções e máquinas têxteis inteligentes para alcançar as demandas do consumidor atual.
O setor precisa ter em mente que é possível ser sustentável e, ao mesmo tempo, mais produtivo e lucrativo. E não se esqueça! Os clientes querem e buscam por mais, principalmente valor e respeito ao ambiente.
Vale destacar que uma das maneiras de evitar desperdícios e gastos desnecessários, que também estão associados aos impactos ambientais, é eliminando gargalos de produção.
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